Estamos acostumados com a ideia de inflação, e pouco habituados com o termo deflação. A verdade, é que esse termo só aparece em momentos ruins.
Não por menos. Enquanto a inflação significa a subida dos preços com base em diversos fatores, a deflação é uma queda contínua.
É preciso antes de entender o quão grave ela é perceber uma coisa: a economia funciona de forma sistêmica.
Portanto se um setor sofre com quedas sistêmicas de preço, possivelmente outros setores serão afligidos e isso de uma forma geral afetará a economia.
O que definirá o tamanho do dano será o momento econômico do país, do mundo e a segurança que o cidadão tem nesse sistema todo.
Principais causas para ocorrer uma deflação
O que faz o mercado mover é a famosa lei da procura e da oferta. Se tem procura, mas não tem oferta o preço sobe.
Mas por outro lado, se tem oferta, mas não tem procura: o preço desce. E a depender disso, pode-se ocorrer a deflação.
O mercado funciona de forma sistêmica, como já falamos. Mas por exemplo, se o produtor rural compra o gado, mantém no pasto ou em confinamento engordando.
Ele espera que ao final do período de engorda possa vender por um preço maior do que a soma da aquisição do bezerro acrescido dos custos que teve para sua engorda.
Porém se ocorrem problemas e ele não consegue vender o gado e obter a margem de lucro esperada, ele perde o poder de compra e investimento em um novo lote de bois.
Agora imagine que isso ocorra em larga escala, o que acontecerá com o mercado é a demissão e redução da mão de obra no campo. Em consequência a diminuição do consumo de carne.
Os trabalhadores demitidos deixarão de consumir e por consequência os frigoríficos entenderão que houve uma diminuição na demanda por carne.
Esse gatilho vai gerar uma diminuição maior na compra de gado de corte para abate.
Se a tendência se mantém usualmente a primeira decisão é diminuir custos com fornecedores e a segunda é demitir funcionários.
Portanto a circulação de dinheiro diminui e a deflação se instaura. Diminuindo de forma contínua o preço de diversos produtos e prejudicando toda a economia.
Principais riscos da deflação
Um dos maiores riscos da deflação é o desemprego. E usualmente esse é o primeiro evento que a deflação desencadeia.
Na ânsia em proteger seus negócios ou reduzir os prejuízos econômicos, empresários precisam demitir seus colaboradores, encerrar contratos com fornecedores e muitas vezes fechar empresas.
O espírito protecionista não é exclusividade dos empresários. Mas ele toma toda a sociedade que passa a regular o uso do dinheiro e deixa de gastar.
Então um princípio básico do bom funcionamento econômico fica afetado: a circulação do dinheiro.
Inflação, deflação, desinflação
Até agora temos que a deflação é diminuição contínua do preço dos bens ou serviços com graves prejuízos à economia como um todo.
Enquanto a inflação é o aumento contínuo dos preços fazendo diminuir o poder de compra do cidadão comum.
Mas espera-se que junto com a inflação e o preço dos bens e serviços o salário dos trabalhadores aumente para manter o poder de compra. A isso chamamos de reajuste inflacionário.
É claro que embora o trabalhador passe a ganhar mais, na prática ele apenas mantém o poder de compra. A depender do percentual do reajuste.
Portanto, concluímos que os termos inflação e deflação são opostos. Mas se por um lado a deflação ocorre em momentos de crise e a inflação diminui o poder de compra, qual o cenário ideal?
Para essa questão é preciso explicar que o cenário ideal é a inflação com quedas controladas e sutis. O que é conhecido como Deflação.
Ou seja, quando ocorre a inflação e na sequência ela diminui de forma equilibrada como uma forma orgânica de autorregulação do mercado.
Dessa forma o prejuízo para empreendedores, trabalhadores e consumidores é minimizado e o ambiente econômico se torna saudável para todos.
Deflação significa uma recessão?
Em momentos de crise é natural que a inflação caia, ocorrendo a deflação. Em alguns casos pode significar uma recessão. Mas em muitos casos isto não ocorre.
Países com possuem uma taxa inflacionária alta passam por crises e chega a ocorrer o fenômeno da desinflação. Mas ele não entra em recessão.
Mas é muito comum que esses países já tinham uma inflação muito alta. O que faz com que a diminuição seja problemática, mas passível de uma superação mais rápida.
Seja qual for o cenário o Governo do país tem papel central para conseguir controlar as crises. Seja injetando dinheiro na economia por meio de empresas, estimulando o consumo da população ou isentando de encargos.
Essas soluções e várias outras que o Estado deve administrar sobre as crises são essenciais para diminuir o impacto e preservar a economia.
Inclusive postergando os efeitos da inflação e deflação.